Histórias pra contar, sobre uma viagem de bicicleta...

Como se jogar no mundo de bicicleta e esperar que tudo saia na perfeição? Quer dizer na perfeição tudo acontece, afinal nada está errado, sempre está tudo certo. Mas sabendo que imprevistos acontecem, é muito louca a história que tenho pra contar. Já são quase três meses sem postar e agora que já absorvi o que passou, e consigo explicar melhor os acontecimentos desses últimos meses, quero falar sobre o Festival (FICA) que superou minhas expectativas e contribuiu a superar o acontecido.

Depois de sair de Pirenópolis no dia 9 de setembro as 11 da manhã, subi o morro dos Pirineus e continuei minha viagem rumo a Alto Paraíso. Meu roteiro previa ir em direção a Padre Bernardo, foram 130 Kms com uma parada no meio do caminho. Acampei essa noite na beira da estrada, e no dia 1o saí por volta das 11 da manhã, chegando em Padre Bernardo no fim da tarde. Resolvi passar a noite em outro município, Mimoso ficava a 20 Kms e diminuiría meu trecho do dia seguinte. Peguei um ônibus entre Padre Bernardo e Mimoso por volta das 8 da noite e as 9 já tinha montado acampamento na praça da cidade. No dia 11 de setembro levantei junto com a alvorada e as 7:30 já estava tomando um café da manhã e me informando sobre o caminho. Me disseram que tinha que ir até Mato Seco e dali seguir para Água Fria meu próximo destino. Ás 8 da matina comecei minha pedalada e por volta das 9 consegui uma carona até Mato Seco chegando lá as 10 da manhã. Depois de mais uma pausa para um café, me informaram que tinha 3o Kms de pedaladas até Água Fria, e que no meio do trajeto teria um rio. Achei perfeito para um banho, já que fazia muito calor... Faltando 15 Kms para chegar em Água Fria, encontrei um rio com uma água de tonalidade linda, meio azul, meio verde, que convidava para um banho. Era quase meio-dia e fazia muito calor, a bike havia ficado encostada na ponte de madeira que cruzava o rio.Quando acabei o banho, e me preparava pra seguir viagem, ouvi um caminhão tendo dificuldades para passar pela ponte. Corri para tirar a bicicleta, e justo quando cheguei na cabeceira da ponte o motorista resolveu atravessá-la. Imaginei que tivesse calculado e que passaria sem problemas. Por entre as rodas via a bicicleta encostada do outro lado da ponte centímetros de distância do caminhão. Faltando muito pouco para passar, a carroceria do caminhão encostou na caixa de frutas e começou a expremer a bicicleta contra a ponte. Nesse momento comecei a gritar para que o caminhoneiro parasse, e vendo que não reacionava tentei jogar umas pedras para fazê-lo parar. Sem muito sucesso, vi o caminhão seguir e no meio de tanta confusão nem lembrei de anotar a placa.
Corri logo em seguida para ver o estrago e reparei que havia entortado a roda traseira e o quadro, sem chance de conserto. Depois com mais calma analisando as coisas, também me dei conta que a máquina fotográfica estava quebrada, e nesse momento a tristeza tomou conta do meu coração. Enfim, trabalho interno de desapego total...
Por algum motivo aquilo havia passado, e tinha que encontrar soluções e respostas para meus problemas. De momento procurei uma sombra pois o sol estava muito forte, era meio-dia de um sábado, entre Mato Seco e Água Fria de Goiás e já imaginava que poucas pessoas passariam por ali naquele dia... 11/09. Passadas umas 2 horas sem que passasse uma viva alma, percebi que minha situação era crítica, foi quando começou a cair a ficha do que me havia passado. Depois de muito chorar e pedir respostas ao cosmos, decidi passar meu dia naquele lugar, assim com a cabeça ocupada montando acampamento e buscando comida não pensaria muito no ocorrido. Depois de montar a barraca em um local seguro, caminhei por alguns Kms até encontrar uma casa. Ali depois de explicar o que me havia passado, ganhei um prato de comida e me disseram que no dia seguinte as 6 da manhã passaria o único ônibus para Água Fria. Assim voltei para a barraca com a barriga cheia e com uma solução para meus problemas. Esse foi o meu 11 de setembro particular, era como se as torres tivessem caído outra vez, abalou tudo... No dia seguinte antes do sol nascer já estava na beira da estrada enrolado no edredon, esperando o ônibus que me tiraria daquele lugar sinistro. A bicicleta como não andava, tive que deixar no mato, tirei algumas coisas que poderiam fazer falta e as bagagens. No ônibus expliquei o que me havia passado e que estava com pouco dinheiro para chegar em Alto Paraíso, um passageiro me ajudou e pagou minha passagem. Era Deus se manifestando logo cedo para ajudar a resolver meus problemas. Jah Bless! Depois, em Água Fria consegui uma carona até São Gabriel, onde passa ônibus para Alto Paraíso e nessa carona ganhei mais um dinheiro para enteirar na passagem, só Deus mesmo pra interferir nessas horas...
O ônibus passou por volta da uma da tarde, chegando em Alto paraíso as três. Logo que cheguei conheci a Ursula, uma professora que estava indo para a zona rural dar aulas. Por acaso a Flor de Ouro, local onde aconteceu o festival(FICA), ficava de caminho e consegui uma carona até lá... Nada é por acaso!

Cheguei no fim da tarde, e a 1ª pessoa que conheci foi a Aline uma gatinha de Joinville/SC, ela me apresentou a Helen que me deixou a vontade para buscar onde montar a barraca e me acomodar. Pouco a pouco fui conhecendo o pessoal, o Surya, Melissa, Toni, a Mayoum uma mexicana que me levou ao camping e me deu umas dicas sobre como seria o evento. Foi muito estranho ter chego lá sem a bicicleta, algumas pessoas já sabiam da viagem e tinham conhecimento do blog, e se admiraram quando souberam dos últimos acontecimentos. HahahaAo mesmo tempo que me sentia frustrado por não ter a bicicleta comigo, estava super satisfeito por ter concluído minha meta de participar do Festival. Afinal, foi por isso que comecei a pedalar no dia 1º de Julho e não me arrependo de nada que fiz nesses últimos meses, nem de ter deixado a bicicleta encostada naquela ponte, nada está errado, sempre está tudo certo... Lembra!

O festival foi muito legal e superou minhas expectativas, antes de começar o evento (12/09-15/09) estava ligado na montagem de instalações como o palco, sinalização... Depois que começou (16/09-26/09), coordenava a equipe da limpeza, éramos quatro pessoas e tratávamos dos lixos orgânicos, inorgânicos, limpeza dos sanitários secos e dos templos, além de auxiliar na limpeza da cozinha e o bom funcionamento da composteira. Foram 10 dias de vivências e experiências maravilhosas, conhecia quase a todos e interagia com todos os grupos. Terapias holísticas, oficinas de artes, rituais espiritualistas, desenvolvimento de projetos culturais, enfim me envolvi e me entreguei de coração a tudo que estava passando e pude assim conhecer e desfrutar de experiências inesquecíveis. Conheci muitas pessoas que certamente nunca mais me esquecerei, me envolvi afetivamente e pude praticar o amor incondicional pelo próximo. Nossa, é muito difícil explicar com palavras o que vivi durante aqueles dias, é um pouco utópico, mas se vivêssemos assim todos os dias o planeta estaria muito diferente de como o conhecemos... Durante o dia experimentava as terapias, as palestras, banhos de rio, pinturas corporais, medicinas alternativas, yoga, meditação, sauna, experiências com plantas de poder em rituais xamânicos... Pela noite desfrutava de shows, rituais na fogueira, contemplação dos astros, mais experiências com plantas de poder... Até pude me aventurar como percursionista em algumas apresentações. Harmonia plena entre pessoas, natureza e universo, uma síntese da cultura alternativa. Pela cura do planeta...Pense no bem que se manifestará, só pense naquilo que quer que aconteça...
Agradecer o alimento, ao céu, a terra, e a força divina que em tudo está...
Fiz amizades verdadeiras e cultivei o amor. Graças ao astral, que é pura cura do pai celestial.
Gratidão!
Lindas as mensagens difundidas pela cultura alternativa, buscando o desenvolvimento evolutivo espiritual, tentando emanar energia pura para a solução dos problemas da humanidade. Amor, amor, amor... Foi o que tentamos desenvolver naqueles dias de festa, amai ao próximo como amas a ti mesmo... Foi Lindo!
Mas como tudo que é bom termina, no dia 26 de setembro foi o encerramento do festival, e ainda permaneci na Flor de Ouro até o dia 28, dia de meu aniversário. Celebrei meu aniversário entre amigos e fizemos um trabalho com Ayahuasca no templo, muita luz... Lindo! Fiquei por alguns dias ainda em Alto Paraíso na casa da Ursula e depois segui de carona até Brasília. Por duas semanas fiquei na aldeia da terra, um espaço cultural que está sendo desenvolvido pela Inuká. Lá ajudei a criar uma horta mandala em forma de espiral. Depois desse período, resolvi voltar para Pirenópolis. Cheguei em Piri no dia 15 de Outubro, e comecei a trabalhar outra vez no Ecocentro Ipec. Hoje ainda me encontro pela cidade, e estou ajudando a elaborar um plano de atividades para o próximo ano letivo. Estamos buscando desenvolver uma série de atividades lúdicas/educativas, para crianças do ensino fundamental e médio. Ainda não sei ao certo o que estarei fazendo amanhã, cada vez mais estou aprendendo a viver o hoje e o agora. Um eterno aprendizado...Aqui postei algumas fotos desses momentos que dividi com vocês, mas também sugiro que visitem a seção diário de bordo, onde está na íntegra todas as histórias que passaram nos mais de 70 dias de viagem de Floripa até Alto Paraíso. Você também encontrará aí mais fotos e histórias do FICA (Festival Internacional de Cultura Alternativa).
De momento não darei continuidade ao projeto, pois fiquei sem meu meio de transporte, mas se for para continuar, tenho certeza de que o cosmos conspirará para isso... Estarei atento aos sinais.
Adorei poder contar essas histórias, e espero que vocês tenham gostado. Também espero ter trazido um pouco de esclarecimento do que é a cultura alternativa, e instigado vocês para que busquem seus sonhos e saibam que somos capazes de conseguir o que quisermos. Nós mesmos é que nos limitamos a colocar barreiras e dificultar nosso caminho.
"Tudo o que somos nasce com nossos pensamentos. Em nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo." (Buda)

Jah Bless!